quinta-feira, 10 de março de 2011

Medo ou estupidez?


A sociedade não está preparada para encarar indivíduos que não assentam no estereotipo desejado. A diferença parece assustar e causar um impressão tal que se torna impossível lidar com esta sem recorrer à zombaria.
As desigualdades são imensas e cruzamo-nos com elas tão frequentemente que em muitos casos passam despercebidas e, quando não passam, as pessoas não resistem a “lançar a dica”. Mesmo quando não saímos à rua, situações “estranhas” aos nossos olhos entram pela nossa casa através da pequena caixa denominada televisão, sendo que umas vezes esta manifesta desfavor em relação à discriminação, mas por outro lado e cada vez com mais frequência parece haver uma aprovação e um incentivo ao humor negro, que rebaixa as diferenças na sociedade. Desde uma deficiência, à  orientação sexual, ou até mesmo a uma vestimenta menos comum, tudo serve de pretexto para olhar, comentar, zombar e até mesmo agredir. E onde ficamos nós enquanto humanos? Continuamos a sê-lo mesmo sendo mais selvagens e atrasados que os próprios animais?
Comparar mongolóides a animais ou denominá-los “coisas”? Mas que culpa têm eles de ter nascido com tal distinção? Coloco quase como uma certeza que se lhes dessem a escolher entre nascer como são ou sem esse problema, preferiam ser um pouco mais “normais”. E a homossexualidade? Porquê marginalizar? Será que existe medo de contagio por parte dos homofóbicos? Sinceramente está longe da minha visão perceber parte desta sociedade. E mais ridículo ainda é ridicularizar formas de estar e de vestir. Neste caso a questão que se coloca é: Mas estão a prejudicar alguém?
Isto é não só revoltante, mas também enigmático. Talvez quando compreender o que passa na mente da maioria me consiga conformar melhor..ou não. De momento é-me totalmente impossível tal capacidade e não consigo deixar de recorrer ao adjectivo “bárbaro” para descrever a sociedade em que me encontro. E que palavras usar? Eu já nem sei descrever o que me vai no interior quando assisto a este panorama.

Fábio Santos

8 comentários:

  1. O ser humano sempre teve medo daquilo que desconhece ou lhe aparenta ser inexplicável.
    Existem sítios, como o Texas mais concretamente, em que os homossexuais ou os portadores de deficiências são agredidos até à morte.
    A sociedade sempre discriminou pessoas "diferentes"e duvido que alguma vez o deixe de fazer. No entanto, esse sonho utópico parece cada vez mais longe e ao mesmo tempo mais perto. Trata-se de mudar mentalidades, algo que nunca foi fácil fazer. No entanto já se conseguiram pequenas vitórias como a aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo nalgumas regiões do globo.
    Um passo de cada vez, e quem sabe, esse sonho não seja tão utópico assim :)

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  2. O sonho é o aquilo que conduz o ser humano. E não digo que as pessoas aprovem aquilo que defendemos, apenas que respeitem.
    Acho que isto não é ser mente aberta mas sim humano que é aquilo que muitos não conseguem.

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  3. Por vezes as pessoas que criticam, gozam, fazem comentários e discriminam pessoas portadores de doenças, sejam elas quais forem, nem deveriam ser denominados "seres humanos" porque de humanos não têm nada. Se calhar um dia quando tiverem a viver uma situação de perto conseguirão dar o valor e assim vivemos numa possibilidade.
    Devia ser feito algo e na minha opinião, em vez de os alunos terem aulas de substituição que só contribui para fatigar a comunidade escolar em geral deviria haver apoio a campanhas de sensibilização nas escolas, em horários escolar, para que todos nós tenhamos consciência do que é "viver na pele do outro".
    Nós somos tão maus e nem nos apercebemos, é um facto, fazemos muitas coisas inconscientemente e se posteriormente reflectirmos sobre as mesmas acções ficamos perplexos com o sucedido.
    Parece uma verdadeira utopia mudar mentalidades? Pois parece, devido ao facto de não estarmos minimamente sensibilizados para agirmos da melhor maneira e consequentemente não conseguimos, jamais, viver numa sociedade equitativa.

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  4. O texto está ótimo, assim como os assuntos abordados. Acho, porém, que pessoas que nasceram com alguma diferença não deviam querer ser mais normal e sim se aceitarem como são. Se alguém fala que queria ser mais "normal", é também um fato preocupante, visto que a visão de "normal" é algo que a sociedade impõe. Mas concordo que a discriminação por opção sexual vestimenta e aparência é revoltante. E infelizmente, olhando daqui, para o horizonte, as coisas não parecem que vão melhorar tão cedo.

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  5. Obrigado Azeitonas. De facto esse é um problema e sabes tão bem quanto eu que o facto de discriminarem está longe de ser resolvido.

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  6. Obrigado pelo comentário ALexandre. De facto o termo "normal" não é o melhor a aplicar mas como reparas-te mencionei-o entre aspas para deixar explicito que não é a minha ideia. O nosso grupo está a tentar criticar exactamente a exclusão ou o problema de inserção social que existe com pessoas ditas "diferentes", como tal teremos de pegar nos ditos da sociedade e na forma como esta vÊ as coisas

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