A sociedade não está preparada para encarar indivíduos que não assentam no estereotipo desejado. A diferença parece assustar e causar um impressão tal que se torna impossível lidar com esta sem recorrer à zombaria.
As desigualdades são imensas e cruzamo-nos com elas tão frequentemente que em muitos casos passam despercebidas e, quando não passam, as pessoas não resistem a “lançar a dica”. Mesmo quando não saímos à rua, situações “estranhas” aos nossos olhos entram pela nossa casa através da pequena caixa denominada televisão, sendo que umas vezes esta manifesta desfavor em relação à discriminação, mas por outro lado e cada vez com mais frequência parece haver uma aprovação e um incentivo ao humor negro, que rebaixa as diferenças na sociedade. Desde uma deficiência, à orientação sexual, ou até mesmo a uma vestimenta menos comum, tudo serve de pretexto para olhar, comentar, zombar e até mesmo agredir. E onde ficamos nós enquanto humanos? Continuamos a sê-lo mesmo sendo mais selvagens e atrasados que os próprios animais?
Comparar mongolóides a animais ou denominá-los “coisas”? Mas que culpa têm eles de ter nascido com tal distinção? Coloco quase como uma certeza que se lhes dessem a escolher entre nascer como são ou sem esse problema, preferiam ser um pouco mais “normais”. E a homossexualidade? Porquê marginalizar? Será que existe medo de contagio por parte dos homofóbicos? Sinceramente está longe da minha visão perceber parte desta sociedade. E mais ridículo ainda é ridicularizar formas de estar e de vestir. Neste caso a questão que se coloca é: Mas estão a prejudicar alguém?
Isto é não só revoltante, mas também enigmático. Talvez quando compreender o que passa na mente da maioria me consiga conformar melhor..ou não. De momento é-me totalmente impossível tal capacidade e não consigo deixar de recorrer ao adjectivo “bárbaro” para descrever a sociedade em que me encontro. E que palavras usar? Eu já nem sei descrever o que me vai no interior quando assisto a este panorama.
Fábio Santos