quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Trissomia 21 - Para além das aparências

A Trissomia 21 designa-se por um distúrbio genético causado pela presença de uma cópia extra do cromossoma 21.
Descoberta no séc.XIX, por John Langdon Down, e a partir das teorias racistas da época, era encarada como a causa de um distúrbio no qual os filhos dos Europeus se assemelhavam aos mongóis. Ainda nessa altura, o termo “mongolóide”, acabou por ganhar um significado pejorativo e até ofensivo, no entanto, actualmente, essa designação mantém a sua posição e continua a fazer sentido em mentes mais ignorantes e apresenta-se frequentemente em tom de crítica ou preconceito.
São seres humanos como todos nós, mas com as suas próprias características, os portadores de Trissomia 21, apresentam maiores dificuldades no que diz respeito ao seu desenvolvimento físico e habilidade cognitiva. O que os destaca realmente é, sem dúvida alguma, a aparência física, os seus olhos vesgos, os dedos e o nariz curtos, as orelhas pequenas e localizadas mais abaixo que o normal, o tamanho reduzido do cérebro, o pescoço curto e as mãos pequenas e largas.
Em contrapartida, com um enorme risco de defeitos cardíacos congénitos, o portador de Síndrome de Down, celebra nos dias de hoje uma esperança de vida mais elevada que pode chegar, precisamente, aos 70 anos de idade, ao contrário do que se verificava no séc. XIX, no qual a esperança média de vida se apagava por volta dos 12, 13 anos.
Apesar das suas dificuldades e limitações, existem inúmeras pessoas com Trissomia 21, pelo mundo inteiro, que trabalham, estudam, casam, isto é, vivem a vida, dia após dia, como qualquer um de nós.
Depois desta breve introdução, experimente o seguinte:
Feche os olhos e tente transportar-se para o corpo de um indivíduo portador de Trissomia 21. Agora, saia à rua com as características físicas desse mesmo indivíduo em mente. Experimente enfrentar as críticas e os olhares mais indiscretos que passam por si. Repare, a sua aparência incomoda, causa mal-estar, é alvo de troça e de falta de respeito.
Em suma, tudo não passa de um enorme preconceito que o exclui da sociedade, que o julga apesar da ignorância e que o coloca num determinado patamar: “o deficiente”.
Se esta experiência não resultar, coloque-se em frente a um espelho e olhe para si mesmo. Reflicta sobre as diferenças que vos distinguem realmente na sociedade e não hesite em apalpar os traços do seu rosto para que se aperceba que a única diferença visível aos olhos do mundo é, sem dúvida, a aparência física.
Viva para além dos traços físicos, destrua as barreiras que o tornam tão preconceituoso, procure alargar os seus horizontes e viver, dando oportunidades a todo o tipo de pessoas de serem vistas como igual aos restantes indivíduos que constituem a nossa sociedade.

Amandine Antunes.

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